Vamos falar de emoções!

Como sabem, todos nós possuímos células cancerisnas no nosso corpo. A questão é: Quando é que elas vão acordar e desenvolver-se? Na maioria das vezes são os infortúnios da vida que as acordam, as vivências e experiências mais negativas que mexem com as nossas emoções.

As emoções... tem tudo a ver com as emoções.

Uma grande % de mulheres com cancro de mama, apontam fatores emocionais como tristeza profunda, mágoa e rancor no aparecimento da doença. Ou seja, emoções essas que fazem com que o nosso sistema imunitário fique mais em baixo.   

Segundo um estudo realizado os Estados Unidos, a ansiedade e o stress, por exemplo, podem estar ligados ao aparecimento de tipos de cancro mais graves.

Por que razão dizem que existe a cura pelo otimismo e pela alegria de viver?

Porque a boa disposição e a alegria durante os tratamentos vão fazer com que o nosso sistema imunitário fique mais forte, as nossas defesas vão estar em alta. Quando estamos felizes, o nosso corpo liberta hormonas que são altamente benéficas ao nosso sistema imunitário. Foi o que aconteceu comigo. 

É estranho dizer isto, mas eu fui feliz na doença.

Posto isto, temos que deixar ir.... 

Deixar ir tudo que não nos acrescenta. Deixar ir quem nos apaga o brilho. Deixar ir as dores que escondemos e que nos sufocam. Deixar ir a tristeza e acreditar que amanhã a felicidade vai chegar. Deixar ir o que nos suga a energia. Aprendi nas minhas sessões de acupuntura que tem de haver equilíbrio energético, tem que existir equilíbrio entre o Yin e Yang

Atreve-te a deixar ir….

Dia mundial do cancro da mama

Hoje comemora-se o dia mundial do Cancro da Mama. O dia em que milhares de nós relembra passo por passo uma das caminhadas mais sombrias e tenebrosas.

Inspiramos quem não teve que passar por isso, inspiramo-nos umas às outras e homenageamos quem partiu. 

É um dia com um sabor agridoce. Doce porque somos sobreviventes e agri porque vimos partir muitas, algumas bem próximas e de quem nunca nos esquecemos. 

Partiram mas não perderam porque só perde quem não vai a jogo. 

Hoje é um dia de sentimentos estranhos, não acham?

Caminhar com Cor e Amor

Quando comecei este Blog, dei-lhe o nome de “Vencer de Salto Alto”. Sempre achei que o salto alto era sinal de imponência, de altivez, de poder. Certo é, que de todas as vezes que fiz a minha caminhada para os tratamentos não fui de salto alto, mas sim de ténis. 

O caminho era longo, difícil, e os saltos altos tornavam-se dolorosos. As pernas estavam frágeis, os ossos doíam, os músculos não aguentavam o salto depois de mais uns litros de quimioterapia.

Passados 3 anos dessa tão dura caminhada, vejo que quando queremos vencer até descalças o conseguimos. E mesmo descalças, continuamos a ser poderosas porque querer é poder… 

Adoro ténis, tenho-os de todas as cores. Assim como tinha lenços de todas as cores...

Eu dei cor ao Cancro!!!

O caminho pode ser muito duro, mas se caminharmos com cor, se caminharmos com amor, a meta tem um sabor especial. 

Hoje foi de amarelo!!!

A dor de ver uma geração partir

Quem disse que vai tudo ficar bem? Não, não vamos ficar bem. 

E não vamos ficar bem porque sem darmos conta está a partir a geração que nos educou. Está a morrer quem nos ensinou o que é o amor, o respeito pelo outro e nos ensinou os valores. Quem sempre viveu com pouco e nunca se sentiu frustrado com isso, quem nos ensinou o valor das coisas e não o preço das coisas. Está a morrer quem nunca soube o significado da palavra ego!

Toda uma geração que nos brindou com as suas maravilhosas histórias, receitas, tricôt, mezinhas caseiras. Histórias essas que não estão nas redes sociais, não estão na Wikipédia, não estão registadas em formato de post, estão sim no coração e na memória dos que estão a partir. Sozinhos, sem que seja permitido um abraço, um carinho, um beijo na testa.  

E nós, sem sabermos, todos os dias morremos um bocadinho com eles! Por isso… não, não vamos ficar bem!  

A foto representa toda essa geração que fez de nós aquilo que somos hoje...Nunca nos podemos esquecer disso. 

A minha avó é uma delas na foto!

Quando "6 meses" é sinónimo de "está tudo bem"

Hoje, 1º dia de novo confinamento, lá vou eu á consulta de rotina de Oncologia, artilhada de luvas e 2 máscaras na cara que quase morria sem conseguir respirar.

No final da consulta as palavras da médica “agora vamos começar a rotina de 6 em 6 meses” provocou em mim uma explosão de euforia. Sinal de que tudo está a correr bem… Que sentimento bom!!! Uauuu 

Quando estava a sair, olhei para aquele lugar, olhei para a sala de quimioterapia e comecei a sorrir. Conheço cada canto daquela sala, conheço o cheiro daquela sala, cada cadeirão, cada apito da máquina a indicar que está na hora de substituir um liquido pelo outro, as enfermeiras são-me todas familiares, os corredores... Tudo ali me é familiar. As enfermeiras sempre com o sorriso na cara, sempre com uma palavra de conforto (pelo menos comigo foi assim). 

Vá!!!! Tirando as meninas do secretariado que só sabem dizer “as vinhetas? não tem mais vinhetas?”, sempre prontas a colocar a pochete debaixo do braço e dizer “vou á bica" eheheheh 

Aquele lugar foi a linha da frente do meu campo de batalha durante 1 Ano, no entanto não consigo sentir tristeza ou negatividade ali. Talvez porque aquele é o lugar que separa as minhas duas vidas. A Carla que ali entrou não é mais a mesma... é uma espécie de Carla AC/DC eheheheh  

Felicidade, euforia, nostalgia… foi o que senti hoje!!! 

E estou tão bem com isso...

Continuarei a sorrir... Até que a vida se canse de me desiludir

Tenho um sonho! 

Um sonho que um dia poderá transformar-se em projeto. Um projeto de vida para a vida.

Talvez nunca o consiga realizar, talvez seja um sonho demasiado ambicioso, demasiado altruísta. Mas é o meu... meu, para mim e para quem passa por um cancro.

Talvez um dia possa contar-vos. Hoje não!

Continuarei a sorrir... Até que a vida se canse de me desiludir.

O mundo zangou-se. E agora?

O mundo gritava para pararmos, gritava por socorro, não conseguia respirar, gritava e ninguém ouvia. Ardia em incêndios devastadores, inundava-se à mais pequena chuvada, chamava a nossa atenção e nós, do alto do nosso egoísmo ignorávamos os sinais, ignorávamos o pedido de socorro e dizíamos "o mundo está louco". 

O mundo zangou-se! E agora?

Será que vamos aprender com isto? Será que agora que o mundo nos obrigou a parar vamos reflectir? Vamos colocar tudo em perspectiva? Será que vamos de uma vez por todas dar importância ao que deve ser importante? Aos afectos, aos abraços, às caricias, às emoções, à paz de espírito, ao respeito pelo nosso planeta? 

O mundo é a nossa casa e é em casa que nos devemos sentir seguros, ou estarei eu errada?