Para muitos é apenas um Ano, para mim são 365 dias... 365 dias de
dor, de angustia, de choro, de luta, mas também de sorrisos, força e coragem. Não houve um dia, desde 29 de Dezembro de
2017 que não tivesse uma dor, que não chorasse. Dias em que pensei desistir, pois era a única maneira da dor passar nos dias em que a mesma não tirava folga
um segundo que fosse. Faz hoje um Ano que fiquei sem chão...
365 depois não desisti e uma vez careca,
careca a vida toda e com a obrigação de nunca o esquecer. Tenho a
obrigação de valorizar o que tenho, de olhar para o que importa
e para quem importa e tenho a obrigação de contar a minha história.
Vi coisas que muitos de vocês, felizmente, não viram. Tive
nas minhas mãos espetadas agulhas durante 5 horas, tive veias a rebentar cada
vez que a agulha penetrava a pele, tive que olhar no espelho e ver outra que não eu, tive
dores intermináveis que me deixavam esgotada. Adormeci no bloco operatório com a imagem dos meus filhos a sorrir e as lágrimas rolavam pela face. O que mais queria era acordar e voltar a sentir os meus dois guerreiros nos meus braços, sentir o seu cheiro, ouvir as suas vozes quando me chamam de mamã. Acordei sim... acordei com dois tubos espetados no peito, amputada e desfeita por dentro. O Cancro? Esse ficou no bloco operatório e espero que para sempre!!
Ouvi tantas histórias iguais à
minha e conheci tantas outras, cheias de esperança, que tal como eu são umas
guerreiras, com uma força inexplicável. Mulheres que deixaram o seu país, os seus filhos, a sua família para lutar contra um filho da puta de um Cancro. Vi meninas adolescentes que deviam estar a viver o primeiro amor, a escolher que roupa levar para a festa de fim de ano... não deviam estar ali, carecas, frágeis, doentes. Não é justo!
Não vou mais guardar rancor nem deixar de dizer palavras de amor e carinho a quem mais gosto. Tenho a obrigação de ser grata pela segunda oportunidade que a vida me deu e amar cada pedaço de mim. Tenho a obrigação de ser feliz, à minha maneira...
Não vou mais guardar rancor nem deixar de dizer palavras de amor e carinho a quem mais gosto. Tenho a obrigação de ser grata pela segunda oportunidade que a vida me deu e amar cada pedaço de mim. Tenho a obrigação de ser feliz, à minha maneira...
Ao meu lado já não quero seres perfeitos, mas sim seres de
verdade, que me façam acreditar na palavra "confiar". Ao meu lado quero o sorriso
escancarado dos meus filhos e de quem genuinamente me quer bem.
Tive a vida em perigo e por
isso, tenho a obrigação de nunca o esquecer!
Dar e receber... Porque
a vida nasceu simplesmente, para se viver!