O diagnóstico para além de ter
sido um choque para mim, teve também consequências para toda a minha família. Os
meses que se seguiram foram meses de descobertas, de angústias e de dúvidas,
principalmente o “como vou contar aos meus filhos que a mãe tem um cancro?”.
Será
que é absolutamente necessário comunicar aos meus filhos que tenho um cancro? É
preciso utilizar a palavra cancro? Uma palavra com um grau de violência tão
grande?
A meu ver, sim, sem dúvida.
E porquê? Porque é praticamente impossível
guardar segredo sobre uma doença desta natureza. Os meus filhos aperceberam-se de
que qualquer coisa se passava, embora não falassem no assunto. Eu estava muito ausente,
preocupada, triste, sempre com os olhos vermelhos de choro e todos estes
sintomas quer queiramos quer não, chamam a atenção até dos mais pequenos. Foram
angustiantes os minutos antes em que decidi que lhes ia contar.Era
inevitável!
E, chegou a hora de lhes dizer. “A mãe tem um cancro.”
“Vais morrer?”
Foi a primeira pergunta que me fizeram. Não meus amores, não vou morrer. A mãe
apenas está doente e vai ter que fazer muitos tratamentos para ficar boa,
morrer não. É normal associarmos o cancro à morte e foi o que aconteceu cá em casa
com esta primeira pergunta por parte do João e do Guilherme. Muitas outras
vieram, mas a da morte foi a primeira.
Hoje, passados alguns meses, depois de já
ter feito 5 tratamentos de quimioterapia, já sem cabelo e com um aspecto mais
debilitado a questão do “Vais morrer?” ainda paira sobre as suas cabecinhas, não
falam muito no tema mas inconscientemente a pergunta está lá.
Se é fácil? Não,
não é. Foi a pior conversa que tive com os meus filhos, a mais dolorosa e angustiante
de todas. O chão deles, tal como o meu no dia em que soube o diagnóstico, fugiu,
desapareceu. Ficamos zonzos, á toa…
Terei que ser eu a mostrar que tudo vai
ficar bem, que não vou morrer, que eles podem contar comigo, que estarei sempre
ao lado deles, que sou e vou continuar a ser um dos seus pilares junto com o
Pai. E muito importante, nunca esconder o que se está a passar, como é óbvio
adaptando a conversa às idades, mas sem segredos. É esta a minha missão como
mãe!
A mãe tem um cancro sim,
mas não vai morrer…
1ª foto que o Gui me tirou depois de perder o cabelo
Muita força para ti e para todos. Vais ultrapassar esta fase e ainda te vais rir disto tudo. Tem fé! Beijinhos de todos cá de casa.
ResponderEliminarObrigada Paulo. Um grande beijinho para vocês.
EliminarCarlinha tens muita coragem! A vida trás muitas surpresas e algumas menos boas. Do fundo do meu coração desejo ver-te com isto como um passado longinquo e com a alegria e sentido de humor que tens sempre. Um abraço muito apertado.E anda ao Magoito para eu te pagar o almoço ;)
ResponderEliminarCatarina, obrigada e espera-me no Magoito para um almoço cheio de risada. Beijinho
EliminarCarlinha, a isto se chama lidar com a situacao de frente! É falar nas coisas como elas são e trata-las pelo primeiro nome. Nunca te escondas e orgulha-te de seres quem és. Porque vales isso e muito mais. Muita força, sempre!
ResponderEliminarObrigada pelas tuas palavras. Beijinho
EliminarÉs um orgulho de Mulher,Mãe...és forte, és uma lutadora e tens um coração enorme. Estamos aqui para te acarinhar, para te amar, para te ajudar nesta travessia a superares todos os obstáculos, pois tenho a certeza que vais Vencer!��❤ Love you!
ResponderEliminarObrigada minha querida. Beijinho grande
EliminarNão vai morrer, vai ficar boa e superar tudo isto. A vida não é linear e acontecem coisas destas. Perguntamos “porquê eu?, porquê a mim? Os miúdos não mereciam isto...!” São perguntas sem resposta, são coisas que nos deixam “à toa”. Mas, algures no caminho, vai aparecer uma luz que vai começar a brilhar cada vez mais forte. É seguir a luz Carla. Seguir sempre nessa direcção. Estamos aqui para TUDO. Mariana Canto e Castro
ResponderEliminarObrigada pelas suas palavras Mariana, são estas mensagens de carinho e força que nos ajudam e muito a superar, e ver o sol nos dias cinzentos. Um beijinho muito grande
Eliminar