9:27 entra a primeira agulha. Concentro-me nas notícias do Diário
da Manhã que passa na TV em frente. Dói, dói muito… bolas!!! A
veia rebentou. A enfermeira escolhe outra, tentando perceber qual é que ainda
está capaz.
Segunda tentativa, tenta manter a agulha estável e lá conseguiu por uns
segundos… bolas!!! Esta também rebentou. Tenta a todo o custo que a agulha
fique lá, e mexe. Dói, dói muito… mas… parece que desta ficou, ufa!!!
À minha volta os cadeirões estão vazios e a pouco e pouco os
fregueses vêm chegando. Um a um, vão sendo preparados para levarem com a sua
dose. Cada um de nós tem sacos diferentes, tumores diferentes. Todos diferentes mas todos no mesmo inferno. Estes
fregueses vão saindo, risonhos, desejando as boas melhoras a quem fica. Saem com a sensação de dever cumprido, este já está!!!
Os cadeirões são limpos e venham de lá os próximos... Nonstop!
Eu, por lá contínuo,
consultando o telemóvel, tentando ler um livro que não consigo, á espera que o
tempo passe... O TEMPO!!!
O tempo... que nestes momentos é tão cruel, tempo que não passa,
que massacra, que tolda o pensamento. O mundo lá fora segue a passos largos. Vejo, da janela da sala de tratamentos, gente atarefada, a falar com rapidez ao
telefone, articulando gestos com a mão enquanto falam, de mala na mão e PC na mochila.
Eu antes era assim, penso com nostalgia.
Sinto saudades, mas a minha vida
agora é esta (eu sei... temporariamente), o meu objectivo agora é este e é nisto que eu
tenho de me focar.
Muita força Carlinha. Esse tempo vai passar!
ResponderEliminarOlá Marta, o tempo vai passar sim, neste momento parece lento mas passa. Rápido rápido vou olhar para trás e.. já passou eheheheh!
ResponderEliminarObrigada por estares sempre desse lado com uma palavra de carinho. Beijinho grande